segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Universo Paralello 2009

Este é o nome do festival no qual passei a virada do ano. Primeiramente, o nome faz jus ao evento. A música predominante é eletrônica, o que não me agrada muito, mas o conjunto da obra valeu a viagem a Pratigi na Bahia.

A nona edição do festival, que durou 7 dias, reuniu 9 mil pessoas em uma praia deserta (deserta o resto do ano!), grande parte acampada dentro do evento. A predominância da música eletrônica se dividia em 3 pistas, quase que 24 horas por dia! Um chill out para sentar ou dormir às vezes conseguia fugir do eletrônico e trazer bandas ao vivo. Uma pista de rock (pesado) também abriu discreta durante 2 dias.

Barracas de comida e lojas diversas formavam um grande corredor entre as pistas. Até temakis eram servidos entre a variedade de cozinhas, tudo a preços de shopping center, seja isso justo ou não. Entre as lojas diversas, muita roupa e acessórios. Chamava a atenção uma barraca de garotas suecas, Fuck for Forest, que viajam o mundo tirando fotos eróticas (eufemismo!) para vender na internet e aplicar o dinheiro em projetos ambientais. Parece que um show explícito das meninas chegou a acontecer num palco, mas eu não estava lá para ver. Outra barraca vendia plantas sagradas, inclusive mudas para plantio. Conheci também o pessoal do Coletivo Balance, grupo de voluntários que divulga informações sobre drogas em festas, visando a redução de danos no uso. O mesmo pessoal mantinha uma tenda com 2 pessoas, 24 horas por dia, para cuidar de pacientes com bad trip.

Muita coisa, além da música, aconteceu. Então vou me deter ao que pude ver e/ou participar.

Como eu não sou muito fã de música eletrônica, passava parte do dia procurando outras coisas para se fazer. A praia, por si só, é agradável em sua simplicidade. Coqueiros emolduravam os quilômetros de faixa de areia, nem larga, nem estreita. O mar era morno, com uma temperatura agradável já às 7 da manhã, quando o Sol forte já expulsava os foliões de suas quentes barracas. As ondas permitiam um jacaré, mas eram pequenas para o surf. A praia carecia de ambulantes vendendo bebidas, o que dificultava uma maior permanência na areia.

O Circolou era um espaço que recebia apresentações diversas e palestras. Palestras que eram diárias, sobre temas como astrologia e psicoativos. Participei de uma oficina de instrumentos, onde os coordenadores deixavam o público à vontade para pegar diversos (e estranhos) instrumentos sobre o chão e experimentar tocar, quase que aleatoriamente, acompanhado por uma percussão profissional. Um grupo de malabares fez um show de circo, envolvendo o público com humor. Apresentações diversas de malabares aconteciam também no meio das pistas, fossem contratados ou amadores treinando.

Sessões de ioga aconteciam acredito que diaramente, e uma tenda maia fazia rituais em torno de uma fogueira, ao sol nascente e poente. O movimento do abraço gratuito alegrou uma das tardes, e eu aceitei um carinho feminino. Extraordinariamente, vi um casamento acontecer na praia, com uma roda de amigos celebrando a união de um casal vestido à vontade com os pés na areia. Dia primeiro de janeiro, aconteceu a foto coletiva, com centenas de pessoas formando o símbolo da paz na praia, e depois houve a versão nudista da foto, com poucos integrantes.

Chamou-me a antenção a heterogeneidade do público. Frequantadores de academia usando Armani ou Dolce & Gabbana dividiam o espaço com hippies desleixados que não cortam o cabelo há 10 anos. Famílias com filhos de colo aproveitavam a tranquilidade da praia ao amanhecer, enquanto jovens "fritavam" em frente ao palco, quase sem dormir. O que havia em comum entre todas as tribos era a constante felicidade aparente.

Com todas essas coisas acontecendo, acho que eu passei mais tempo andando do que parado em um lugar específico. A música começou no dia 28 de dezembro, e logo após o reveillón eu não tinha mais energias para o tuntz tuntz, pois fiquei quase 18 horas de pé na pista durante a noite da virada. Por sorte, nos dias 2 e 3 achei uma roda de violão, que se transformou em um luau na praia, onde pude apresentar até algumas canções da "Macacos de Terno". A essa altura eu já havia desistido de dormir na barraca mal ventilada, comprei uma canga pra deitar na areia e dormia em qualquer lugar com sombra e vento.

Vale lembrar o desempenho da organização, que me afetou diretamente nas quase 4 horas de novela para a entrada no festival, entre filas e filas. A segurança também deixou a desejar com os comuns furtos de barracas. Fichas de valor foram falsificadas e entraram em circulação, quando acabei perdendo 2 reais de algum troco recebido. A limpeza frequente dos banheiros compensava um pouco sua precária estrutura e grande circulação. Os bares conseguiam atender toda a demanda praticamente sem fila, e a praça de alimentação dispunha de mesas à sombra para todos comerem sentados. A decoração das pistas era caprichada, inclusive com colaboração de equipes de Ibiza. O som era a altura do evento, e a escalação de DJs maravilhosa para quem gosta do estilo de música.

Na soma de tudo, a semana feliz valeu os sacrifícios, e penso em voltar no final do ano - desta vez sem barraca! Importante ressaltar que fui apenas com um casal de amigos, mas durante todo o festival tive a prazerosa companhia de mineiros(as) com quem dividi a excursão de ônibus.

Pensamento da hora:
"Paz e Amor."

Abs do Vaps

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, deu uma saudade de tudo aquilo lá, lendo esse post! saudade até daquele calor insuportável, hehe :D

ˆÅˆngel disse...

eu tbm estava lá e to morrendo de saudadeeee, calma galera, ta chegando!!! bjos vlww